Sei que você tem várias opiniões sobre uma infinidade de coisas.
Mas você já parou para pensar no quê está por trás do seu pensamento?
Uma das coisas que me fascinam na filosofia é que, enquanto as áreas da medicina, psicologia, biologia, etc, estão pensando sobre um determinado assunto, uma parte da filosofia está pensando sobre a própria forma de pensar. Vejo a todo momento diversos debates em que os argumentos encontram uma parede intransponível. São exemplos as eternas discussões sobre o aborto, sobre Deus, sobre Behaviorismo x Psicanálise, etc.
Estes debates não chegam a uma solução porque não são as ideias propriamente ditas que se contradizem, mas o que está antes delas: a semiologia que a sustenta, ou melhor, a própria forma de pensar.
Por este motivo, é essencial saber o posicionamento filosófico antes de comprar uma ideia. Acredito que seja de certa forma natural do ser humano buscar respostas para questões existenciais e que é agradável o sentimento de encontrar uma solução. Mas esta solução só faz sentido e se sustenta com base nos pressupostos teóricos que você incorporou e desenvolveu ao longo da sua vida, por motivos particulares.
A sua forma de pensar é o que conduz a sua existência. Mas há diversas formas de pensar, de analisar e perceber um fenômeno.
Vamos a alguns exemplos que foram extremamente resumidos, servindo somente para fins ilustrativos (caso se interesse, aprofunde-se na ética que lhe agradar):
Ética da mediação (Aristóteles 384-322 a.C.): a conduta dos homens deve se pautar pela moderação, o meio termo entre dois contrários.
Ética hedonista (Epicuro 341-327 a.C.): a felicidade advém do prazer. A procura do prazer deve levar necessariamente à felicidade.
Ética budista: o apego e o desejo é origem de sofrimento humano.
Ética utilitarista (John Stuart Mill 1806-1873): o que é bom e justo não é o que é útil a uma pessoa em particular, mas o que é útil ao maior número. A conduta humana deve se pautar pela utilidade das coisas.
Ética da virtude (Epiteto 55-135): a virtude é o único meio para alcançar autenticamente o estado de felicidade.
Ética da racionalidade e do dever(Kant 1724-1804): o homem é um ser racional autônomo. Ele precisa se colocar além do exterior, das influências externas, para ter uma moral autêntica.
Ética espiritualista (Santo Agostinho 354-430): para ser feliz (afortunado) e justo, o homem deve obedecer aos mandamentos do Espírito, que são revelados ao indivíduo por meio de um texto religioso.
– Hegel (1770-1831): a obediência deve ser ao estado e a lei.
Ética Cética (Sextus Empiricus 140-220): todas as proposições da razão se equivalem e não há que escolher uma ou outra.
Ética pessimista (Schopenhauer 1788-1860): a própria existência humana é uma fonte de sofrimentos. O mundo é doloroso e não é certo o futuro da humanidade.
Ética revolucionária(Marx 1818-1883): atitude ativa no mundo para modificá-lo. O mundo, ainda que as vezes hostil e fonte de sofrimento, deve ser enfrentado e melhorado.
(Retirado de aula ministrada pelo prof. Ileno Izídio da Costa)
E aí, se identificou com alguma ética filosófica acima? Que tal refletir em como é que você pensa?
Pensar em como você pensa possibilita refletir, questionar e ampliar sua forma de pensar. Principalmente útil para acadêmicos ou críticos de plantão que devem tomar cuidado para não “comprarem” ideias que possuem diferentes pressupostos teóricos. E ainda, torna possível pensar no outro como uma pessoa que pensa diferente de você, e mesmo assim (por incrível que pareça) não está errado por isso.
Somente possui pressupostos teóricos ou princípios diferentes. E aí sim, entendendo a forma de pensar de uma abordagem, de uma crítica, é que se pode dialogar com ela na mesma língua.
Até mais,
interessante, como pensar diferente pode assustar algumas pessoas … eu concordo que e muito benéfico, nos questionarmos sobre nossa forma de pensar.
Ufa, que eu sou marxista! hehe =***